Fernando Pessa 1902-2002 |
A célebre expressão “E esta, hein?” marcou a sua carreira como repórter televisivo. |
A mãe, a personalidade que mais o
influenciou durante a infância, era natural de São Tomé. Fernando Pessa
costumava referir que a ela devia o seu feitio. O pai era médico militar mas,
devido à falta de dinheiro, pediu licença do exército e partiu para São Tomé e Príncipe, deixando a mulher e os três filhos em Portugal.
Em Aveiro, Pessa viveu até aos dois anos. Foi em Penela, vila do distrito de Coimbra, que o jornalista recebeu a instrução primária. Fez o exame da 4ª classe em 1911, em Coimbra, onde viveu até 1921.
Concluídos os estudos secundários, Pessa
tentou concretizar um sonho de infância: o ingresso na carreira militar como
oficial de Cavalaria. Porém, o Governo havia cancelado as admissões à Escola de
Guerra, gorando, assim, o projecto do jovem aveirense.
Antes de embarcar na carreira
jornalística, Pessa trabalhou numa companhia de seguros e num banco, onde esteve
pouco tempo. Em 1926, foi trabalhar numa seguradora no Brasil, tendo regressado
oito anos mais tarde.
Foi em Londres que conheceu a sua esposa,
Simone Alice Roufier, uma brasileira de ascendência inglesa e norte-americana.
Casou-se em 1947, quando regressou a Portugal.
Nasce um jornalista
Em 1934, formalizou a candidatura aos
quadros da Emissora Nacional, tendo ficado classificado em segundo lugar e, como
gostava de sublinhar, “sem cunhas”. Iniciou, assim, uma carreira que nunca tinha
pensado seguir.
Com uma semana de rádio, Pessa fez a sua primeira reportagem: a cobertura de um festival de acrobacia área na antiga Porcalhota, actual Amadora.
Com uma semana de rádio, Pessa fez a sua primeira reportagem: a cobertura de um festival de acrobacia área na antiga Porcalhota, actual Amadora.
Após quatro anos de Emissora Nacional, o
jornalista foi convidado para trabalhar na BBC, em Londres, onde se
profissionalizou e deixou “de andar às apalpadelas”. Aí, Fernando Pessa
notabilizou-se como correspondente durante a Segunda Guerra Mundial.
A censura e a restrição das liberdades
civis praticadas pelo regime de António de Oliveira Salazar acabaram por
contribuir para o crescendo de popularidade das transmissões em português da
BBC.
No regresso a Lisboa, em 1947, Pessa viu a sua reentrada na
Emissora Nacional vedada por influência do regime, sendo forçado a voltar ao
ramo dos seguros. Participou em dobragens de filmes e documentários,
nomeadamente O Último Temporal - Cheias do Tejo e Portugal já faz automóveis, do
cineasta Manoel de Oliveira .
O “primeiro boneco na TV”
A passagem para o “fervilhante mundo televisivo” dá-se a 7 de
Março de 1957.
A notoriedade alcançada enquanto repórter de guerra na emissora
radiofónica britânica garantiu-lhe o passaporte para abrir a primeira emissão em
directo da RTP, produzida na Feira Popular de Lisboa. Na primeira emissão da
estação pública portuguesa, Fernando Pessa contou com a colaboração de Maria
Helena Varela Santos, Vera Lagoa, Nuno Fradique, Jorge Alves, Lança Moreira,
Alberto Ribeiro e Raul Ferrão, entre outros.
O jornalista entrou para
os quadros da RTP a 1 de Janeiro de 1976, com 74 anos.
A célebre expressão “E esta, hein?” marcou a sua carreira como
repórter televisivo. A expressão surgiu como substituto dos palavrões que tinha
vontade de dizer quando denunciava situações menos agradáveis do quotidiano do país.
Reformou-se em 1995, com 93 anos de idade.
Fernando Pessa faleceu a 29 de Abril de 2002, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, poucos dias depois de completar 100 anos.
Mais informação em:
Página de Fernando Pessa na RTP em: www.rtp.pt/web/fernando_pessa/
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