Maria João Gonçalves Abreu Soares nasceu em Lisboa a 14 de abril de 1964, era oriunda de famílias humildes e começou a trabalhar muito cedo, o que fez dela uma criança muito madura, que não sabia brincar, que tinha pânico de falhar e uma grande necessidade de sentir amor”, como a própria confessou em entrevista.
A sua carreira como atriz remonta, no entanto, a 1983, quando, com 19 anos, se estreou profissionalmente no Teatro Maria Matos, no musical Annie, de Thomas Meehan, dirigido por Armando Cortez.
A televisão foi o meio em que mais trabalhou e que lhe deu maior visibilidade, tendo participado em mais de 60 programas, entre telefilmes, séries e telenovelas.
Mas não foi só de alegrias, sucesso e reconhecimento que a sua carreira profissional foi feita.
O teatro também lhe trouxe desgosto e sofrimento, como contou numa entrevista a Daniel Oliveira, no programa Alta Definição, em 2019, na qual confessou ter sido vítima de bullying, ao ponto de “ir parar ao hospital com um ataque de ansiedade”.
“Foi grave, muito grave. Tive muitos pesadelos. Cheguei a pensar que fosse algo pessoal. Foi-me dito que não, de pessoas que já tinham sido vítimas de bullying da mesma pessoa”, revelou na altura, contando que era olhada com “ódio”, cuspida na cara, apertada e empurrada antes de entrar em palco.
Carreira na televisão
Em 1988 estreou-se na RTP no teleteatro com a comédia intiulada Uma Bomba Chamada Etelvinha e no mesmo ano no programa de variedades Canto Alegre da autoria de Francisco Nicholson.
Em 1997 na RTP, protagonizou ao lado do falecido João Ricardo na sitcom Lelé e Zequinha, adaptada do original radiofónico com Vasco Santana e Irene Velez. |
17 anos depois em 2014, voltaram a contracenar na telenovela Mar Salgado da SIC, onde intepretavam as perosnagens Cremilde e Bento |
Estreou-se nas telenovelas em 1996 com Vidas de Sal, na RTP, também fez uma participação em A Senhora das Águas (2001) e em Os Nossos Dias. Na TVI participou em Jardins Proibidos (2000), Morangos com Açúcar (2007), Feitiço do Amor (2008), Sentimentos (2009), Espírito Indomável (2010), Remédio Santo (2011) e Mundo ao Contrário (2013) e na SIC com Mar Salgado (2014) Amor Maior (2016) e em Paixão (2017) onde deu vida Isabel Gavião, uma mulher sofrida desde que desaparceu da sua filha.
Para além das novelas, Maria João participou em várias séries e sitcoms O Posto (1990), O Cacilheiro do Amor (1990), Co(z)ido à Portuguesa (1993), Trapos e Companhia e Isto é o Aglido em 1994, A Mulher do Senhor Ministro, Nico D'Obra e Camilo & Filho Lda. em 1995, Os Malucos do Riso e Polícias em 1996, Não Há Duas Sem Três (1997), Solteiros (1998), As Lições do Tonecas (1999), O Fura-Vidas (1993), Aqui Não Há Quem Viva (2006-2007), Conta-me Como Foi (2007-2010), Casos da Vida (2008), Cidade Despida (2010), A Família Mata, Pai à Força (2011), A Casa é Minha (2016), Sul (2019) e entre outras.
Interpretou a personagem de maior popularidade Lucinda, uma empregada doméstica com sotaque nortenho, na série Médico de Família, emitida na SIC entre 1998 e 2000, e a transformou numa das protagonistas da ação, que pôs os portugueses a cantar “Oh troilaré, oh troilará, vieste para mim, vieste para cá”.
O sucesso desta série, exibida em horário nobre, garantiu a sua presença no 'pequeno écrã' durante três temporadas e 118 episódios, ao longo de quase três anos de emissão, contando no elenco com atores como Fernando Luís, o saudoso Henrique Mendes, Ricardo Carriço, Rita Blanco e São José Lapa.
Em 2019, foi protagonista de Golpe de Sorte da SIC, onde dava à personagem Maria do Céu Garcia, uma mulher pobre que se tornou milionário após de ter ganhado o Euromilhões e era também com o ex-marido José Raposo que contracenava nesta trama.
Nos palcos
Participou no vários espetáculos de revista no Parque Mayer, até participar, na Casa da Comédia, em O Último dos Marialvas, de Neil Simon, peça que a reconhece como atriz de comédia. Depois de várias revistas no Teatro Maria Matos, passa pelo Teatro Aberto, colaborando com João Lourenço (As Presidentes, de Werner Schawb) e José Carretas (Coelho Coelho, de Celine Serreau). Participa ainda em Bolero, um espetáculo de Manuel Cintra e José Carretas para o CCB.
Em 1998, funda, com José Raposo, a produtora Toca dos Raposos, que empresariou sucessos como a revista Ó Troilaré, Ó Troilará ou o musical Mulheres ao Poder, uma adaptação de Lisíastra, de Aristófanes.
Em 2004, coprotagonizou A Rainha do Ferro Velho, de Garson Kanin, encenado por Filipe La Féria, no Teatro Politeama.
Em 2012, protagonizou a peça O Libertino, encenada por José Fonseca e Costa, no Teatro da Trindade, em Lisboa, contracenando com José Raposo, Custódia Gallego e Filomena Cautela.
A sua última participação no teatro aconteceu em 2019, quando protagonizou “Sonho de uma noite de verão”, no Tivoli, contracenando com José Raposo, de quem estava já divorciada, e com Miguel Raposo, um dos filhos do casal.
No cinema
No cinema, participou nos filmes António Um Rapaz de Lisboa, de Jorge Silva Melo (1999), A Falha de João Mário Grilo (2001), Telefona-me, de Frederico Corado (2000) e Lá Fora, de Fernando Lopes (2004).
Mais recentemente, participou em filmes como Call Girl, de António-Pedro Vasconcelos (2007), Florbela de Vicente Alves do Ó (2012), A Mãe é que Sabe de Nuno Rocha (2016), e Submissão, de Leonardo António.
Vida Pessoal
Maria João Abreu esteve casada 23 anos com José Raposo, de quem teve dois filhos, Miguel Raposo e Ricardo Raposo.
Maria João Abreu na capa da extinta revista Dona de 1992, quando estava grávida do seu segundo filho Ricardo. |
A lado do marido José Raposo e os seus filhos Miguel e Ricardo na revista TV 7 Dias em 1997 |
No programa Quem É Que Tu Pensas Que És?, emitido pela RTP1 em 5 de fevereiro de 2013, ficou apurado que, pelo ramo da sua avó paterna, era descendente de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, por via de um filho destes, o Infante D. João.
Em novembro de 2020, Maria João Abreu perdeu o pai, que morreu em plena pandemia, aos 78 anos, vítima de cancro no pulmão covid-19.
No dia 30 de abril - cinco meses depois da morte do pai e apenas 16 dias após ter feito 57 anos -, a atriz sentiu-se indisposta durante as gravações da telenovela A Serra e desmaiou, tendo sido internada de urgência no Hospital Garcia de Orta, em Almada, com diagnóstico de rotura de aneurisma cerebral.
Morreu a 13 de maio de 2021, no dia das celebrações de Nossa Senhora de Fátima.
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