Construiu uma lendária carreira através da televisão, no cinema e sobretudo no teatro, a sua verdadeira paixão desde criança. Eunice Munõz tornou-se numa grande figura "imortal" da cultura portuguesa, cuja o seu talento inegável, onde deu vida a inúmeras personagens. Em dia de luto nacional, O Cantinho do André presta uma singela homenagem à grande "dama do teatro português", que nos deixou esta "sexta-feira santa" aos 93 anos.
Eunice do Carmo Muñoz nasceu a 30 de julho de 1928 na freguesia da Amareleja, no concelho de Moura em Beja, com origens numa família de atores, filha de Hernâni Cardinali Muñoz e de Júlia do Carmo (vulgo Mimi Muñoz) e irmã de Hernâni do Carmo Muñoz e de Francisco Fernando do Carmo Muñoz.
Estreou-se no teatro desmontável da família, a Trupe Carmo, com apenas 5 anos, cantando a cantiga Uma Porta e Uma Janela.
Em 1941, estreou-se aos 13 anos no Teatro Nacional D. Maria II, na peça Vendaval, de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro. O seu talento é de imediato reconhecido e admirado por Palmira Bastos, Raul de Carvalho, João Villaret e pela própria Amélia Rey Colaço, o que lhe permite uma rápida integração na Companhia.
Desde então nunca mais parou, protagonizou seu primeiro papel cinematográfico no filme Camões de Leitão de Barros em 1945, embora fez pela primeira vez figuração na comédia O Costa do Castelo (1943) tendo depois participado em Um Homem do Ribatejo (1946), O Trigo e o Joio (1965), Manhã Submersa (1979) de Lauro António, Repórter X (1986) e Entre os Dedos (1988) de João Botelho.
No entanto, foi principalmente no teatro que desenvolveu sua carreira, representando papéis dramáticos de grande intensidade, como nas peças O Adorável Mentiroso (1963), Fedra (1967) e Mãe Coragem e os Seus Filhos (1986), nas quais transmite ao público os sentimentos vividos por meio de um olhar sempre carregado de significado e de gestos por vezes apenas esboçados.
Em abril de 2021, ao comemorar 80 anos de carreira, retira-se dos palcos com a sua última peça A Margem do Tempo, acompanhada pela neta, Lídia Muñoz e foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Carreira na televisão
Eunice também foi presença assídua na televisão, participando várias peças de teleteatro, em seguida estreando-se no entretenimento em 1975 com Nicolau no País das Maravilhas e na década de 80 no Arroz Doce (1985) de Júlio Isídro, onde intepretava uma porteira do prédio, e Cacau da Ribeira de 1988 de Ana Zannati.
Em 1993, estreou-se no mundo das telenovelas, na RTP, no grande papel de protagonista em A Banqueira do Povo, inspirada no caso real de Dona Branca, que escandalizou a sociedade portuguesa nos início dos anos 80.
Na TVI, foi presença assídua em várias telenovelas no seu currículo Todo o Tempo do Mundo (1999), Olhos de Água (2001), Coração Malandro (2003), O Teu Olhar (2003), Mistura Fina (2004), Dei-Te Quase Tudo (2005), Ilha dos Amores (2007), Olhos nos Olhos (2008), Mar de Paixão (2010), Destinos Cruzados (2013), A Impostora (2016), A Teia (2019) e Quer o Destino (2020).
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Eunice Muñoz ao lado do seu grande amigo de longa data Ruy de Carvalho, que tem contracenado várias vezes nas novelas da TVI e em peças de teatro. |
Em 2001, fez uma pequena participação especial no 1º episódio da novela brasileira Porto dos Milagres da Globo, onde fazia a cigana Emília Pita, contracenando com António Fagundes.
Para além de novelas, integrou elenco de algumas séries Cenas da Vida de uma Atriz (1962), O Jogo da Verdade (1970), A Morgadinha dos Canaviais (1988), Nico D'Obra (1993), Garrett (2000) Equador (2008) e o telefilmes Luísa e os Outros (1989), O Rapaz de Trompete da 2ª série de Terra Instável (1993) e A Casa das Mulheres (2012).
O seu último trabalho foi numa curta participação especial na 3ª Temporada da hilariante novela Festa é Festa da TVI, onde desempenhou a personagem Helena, uma amiga de longa data da Corcovada (interpretada pela outra consagrada atriz Maria do Céu Guerra).
Vida pessoal
Eunice viveu grandes amores ao longo das décadas; com apenas 19 anos, em 1947, casou-se com o arquitecto Rui Ângelo de Oliveira do Couto, de quem teve a primeira filha Susana.
Em 1956, casou pela segunda vez, com o engenheiro Ernesto Borges, tendo 4 filhos deste casamento: a Joana, o António, o Pedro e a Maria.
Nos anos 60, casou pela terceira vez, com o poeta António Barahona da Fonseca, de quem teve outra filha Eunice António.
Eunice também foi avó de oito netos, entre eles a também atriz Lídia Muñoz, com quem teve um bisneto chamado Amadeo.
Em maio de 2012, sofreu uma queda no Teatro Nacional D. Maria II durante os ensaios de reposição da peça de Tennessee Williams O Comboio da Madrugada e partiu os dois punhos e lesionou a cervical, sendo a estreia cancelada.
Em 2013 sofreu outro revés, quando lhe foi diagnosticado cancro da tiróide, tendo sido operada em abril e submetida a tratamentos de quimioterapia. Após perder a voz, foi operada no Hospital Charles Nicolle, em Rouen, França, sendo novamente submetida a tratamentos de quimioterapia até novembro de 2013. Fez terapia da fala e, em 2015, recuperou parcialmente a voz, nunca tendo recuperado totalmente.
Em outubro de 2021, foi inaugurada na Amareleja, a sua terra natal, a Casa de Memórias Eunice Muñoz.Em sua homenagem, o marido da sua neta, Tiago Durão, realizou o documentário Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz, que estreou em novembro de 2021.
Em janeiro de 2022, foi novamente internada, no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, devido a um pico de tensão arterial, dificuldades respiratórias e cansaço, tendo tido alta hospitalar em março de 2022.
Faleceu a 15 de abril de 2022, numa "sexta-feira santa", no Hospital Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos de idade e 80 anos de carreira.
Fontes: Wikipédia e Correio da Manhã
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